sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Estudo diz que malária mata mais do que se imaginava

 

Estudo diz que malária mata mais do que se imaginavaEstudo divulgado nos Estados Unidos mostrou que a malária matou quase o dobro (1,2 milhão de pessoas) do que o total apontado no relatório da Organização Mundial da Saúde (655 mil) no ano de 2010 em todo o mundo. Pesquisa do Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington, divulgado na revista Lancet, aponta que as estatísticas das Nações Unidas não consideraram a maior parte das 78 mil crianças e jovens entre cinco e 14 anos e das 445 mil pessoas com mais de 15 anos mortas por este motivo em 2010 – a maioria no continente africano. Eles também utilizaram como fonte de informação relatórios verbais de autópsias, que não são levados em conta pela OMS.

Diante disso, os coordenadores do estudo consideram que a erradicação da doença será mais difícil do que o imaginado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença é endêmica em mais de cem países, na quase totalidade em regiões pobres do planeta, e pode atingir centenas de milhões de pessoas.

Como já disse aqui, acompanho com interesse notícias sobre a maleita desde que peguei a dita duas vezes em reportagens no Timor Leste e em Angola. Sorte que tive acesso a médicos, diagnósticos, remédios e tudo o mais. Mas e a maioria da população, que não tem esses recursos e é obrigada a esperar por tratamento nem sempre à mão, nem sempre rápido? Ou, pior, que não tem, ao menos, informação.

O financiamento contra malária foi de US$ 1,7 bilhão, em 2010, e US$ 2 bilhões, em 2011. Em dezembro passado, a OMS informou que o número de casos caiu drasticamente devido a recursos financeiros que permitiram acesso a prevenção e tratamento. Mas ainda é pouco. A organização estima que se fossem aportados, por ano, algo entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões, poderíamos zerar as mortes pela doença.

O Brasil tem desenvolvido importantíssimas pesquisas nesse assunto e é referência no tema. Globalmente, contudo, seguimos na velocidade de investimento para pesquisa de doença de pobre (não é câncer, que também afeta a ricos, por exemplo). O mais triste é que não está se pedindo tanto assim. Tanto do ponto de vista de prevenção (os baratos mosquiteiros, por exemplo), quanto para tratamento e informação à sociedade.

Chocado? Mas por quê? Não é novidade para ninguém que parte irrisória da população mundial tem acesso a boa saúde, da prevenção ao tratamento, enquanto a gigantesca xepa acostumou-se a esperar – em filas de hospitais, sonhando com remédios inacessíveis, convivendo com a falta de saneamento e a inexistência de ações preventivas.

Os mais pobres, por mais que tenham força de vontade e queiram continuar vivendo, não necessariamente conseguem a façanha de esticar a corda. Vão apenas sobrevivendo, apesar de tudo e de todos, ajudando com seu trabalho e, algumas vezes, como cobaias de indústrias farmacêuticas, os que ganharam na loteria da vida a terem uma existência mais feliz.

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